As paredes de vidro do café refletem as silhuetas de três jovens mulheres. Quando uma delas recebe o elogio de um amigo masculino ao lado "a cor do seu batom combina muito com o seu tom de pele", os movimentos das outras duas, que estavam ajeitando as roupas, de repente se tornam intencionais, e os fios de cabelo que antes caíam naturalmente são repetidamente puxados para trás da orelha. Essa sutil tremulação psicológica é como um dominó, se desdobrando em inúmeras cenas de relações interpessoais: o novato no trabalho que fica em silêncio repentinamente ao ouvir o chefe elogiar a competência de um colega que começou ao mesmo tempo; a esposa que, em uma reunião de família, percebe o sorriso rígido do marido ao elogiar a culinária da prima; as bolhas de conversa que esfriam gradualmente em um grupo de amigas quando uma garota recebe muitos likes de uma amiga em comum.

Essa tremulação psicológica tem uma codificação primitiva que remonta à evolução humana. A sensibilidade das fêmeas de primatas à obtenção de recursos de acasalamento por outras fêmeas dentro do grupo evoluiu nos genes humanos para uma profunda vigilância sobre a distribuição de recursos emocionais. A reação da amígdala ativada nas mulheres modernas ao ouvir seus parceiros elogiando outras pessoas tem uma homologia neurológica com o padrão de estresse das fêmeas da antiguidade ao ver machos compartilhando comida com outras fêmeas. Esse mecanismo evolutivo passou por uma estranha alienação na era do consumismo — quando homens elogiam o novo conjunto da Chanel que uma colega comprou, a sensação de crise que suas parceiras sentem é essencialmente a mesma que a psicologia das fêmeas em tribos primitivas, que se preocupam com outras fêmeas obtendo mais recursos de sobrevivência.

A teoria da comparação social fornece a estrutura cognitiva para esse ciúme. O mecanismo de comparação social proposto por Festinger em 1954 revela que, quando o grau de semelhança com o objeto de comparação ultrapassa 60%, o indivíduo experimenta a mais intensa consciência competitiva. No cenário do escritório, o desconforto intenso que as mulheres sentem quando seus maridos elogiam as habilidades de panificação da vizinha é, na essência, uma defesa do valor do rótulo de "dona de casa". Essa ansiedade comparativa é amplificada infinitamente na era das redes sociais, onde o número de likes se torna uma medida concreta de comparação, e o número de elogios recebidos por um amigo em comum no círculo social pode instantaneamente ativar o sistema de autoavaliação do cérebro.

As correntes de poder nas relações íntimas são o recipiente onde o ciúme fermenta. A teoria do capital simbólico de Bourdieu aponta que os elogios de um parceiro a terceiros podem abalar o equilíbrio de poder na relação. Quando um homem elogia o novo penteado de uma amiga em uma festa, na verdade, está reestruturando a distribuição do capital cultural no campo social. Seu parceiro instintivamente tenta reconstruir o poder discursivo ajustando a postura, elevando o tom de voz ou inserindo repentinamente um novo tópico; essa reação emocional aparentemente irracional é, na verdade, uma expressão estratégica para manter a dominância na relação.

É interessante notar que esse ciúme possui uma flexibilidade situacional clara. A tolerância das mulheres ao elogio das habilidades culinárias da mãe de seus parceiros é muito maior do que ao elogio de colegas do sexo feminino, e a aceitação de elogios ao desempenho acadêmico da filha por parte do marido é significativamente maior do que ao elogio de uma jovem subordinada. Essa diferença reflete a divisão secreta do quadro cognitivo social entre "objetos seguros" e "ameaças potenciais"; quando os elogios são direcionados a relações de sangue ou a objetos com diferenças geracionais claras, o sistema de alerta do ciúme se desarma automaticamente.

A chave para desvendar esse enigma psicológico está em entender o dilema da reconciliação entre razão e instinto no mundo emocional moderno. Quando olhamos para os elogios recebidos por outros, o que brilha em nossas pupilas é tanto a etiqueta social civilizada quanto o olhar alerta que remonta a milhões de anos nas savanas africanas. A existência dessas dobras psicológicas é, de fato, um precioso anel de crescimento deixado pela humanidade ao longo do longo curso da evolução.

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