No campus universitário, a luz do sol brilha na alameda sombreada, casais caminham de mãos dadas, e o ar está impregnado com o doce aroma do chá de leite e os hormônios da juventude. À primeira vista, este é um ótimo lugar para se apaixonar, romântico como um set de filmagem de um drama de ídolos. Mas se você observar atentamente, notará algumas cenas estranhas: em um canto de um café, um rapaz está sentado rigidamente, com uma xícara de café americano intocada ao seu lado, e seu olhar é tão afiado quanto o de um RH; a garota à sua frente está de cabeça baixa folheando um monte de papéis, com uma expressão séria como se estivesse se preparando para uma entrevista de pós-graduação. Isso é um encontro? Não, isso é claramente uma "feira de recrutamento"! O mais absurdo é que algumas pessoas realmente levam currículos para encontros, preenchidos com "vantagens pessoais", "planejamento futuro" e até "salário esperado". Nos dias de hoje, como é que namorar se tornou tão parecido com procurar um emprego? O que as pessoas que levam currículos para encontros realmente estão buscando?
Namoro ou entrevista?
O namoro na universidade deveria ser sinônimo de emoção, ambiguidade, corar e palpitações. Mas agora, alguns universitários transformaram os encontros em entrevistas de banco de investimento, quase desejando quantificar e pontuar as "qualidades gerais" do outro. Já ouviu falar de "enviar currículos em massa" para conseguir um emprego? Não esperava que também houvesse quem "enviasse currículos em massa" para encontrar um parceiro. Um amigo, o Xiao Li, me contou uma história: em um encontro arranjado, assim que a garota se sentou, ela tirou uma folha A4, cheia de informações sobre seu histórico acadêmico, experiências em grupos, e até "padrões de escolha": altura acima de 1,80m, estudante de uma universidade 985, família abastada, e de preferência com experiência de intercâmbio no exterior. O Xiao Li ficou atordoado, ele estava lá para tomar café, não para se candidatar a uma vaga de "namorado de qualidade"!
Esse tipo de "namoro estilo currículo" não é raro no campus. Meninos e meninas seguram uma "lista de seleção" invisível, avaliando o outro durante o encontro: qual é a classificação do curso? Fazer pós-graduação ou ir para o exterior? Quantos imóveis a família possui? Até mesmo o "valor emocional" precisa ser quantificado e avaliado, quase colocando rótulos de "ação promissora" ou "investimento de risco" no outro. Isso não é namoro, é claramente um relatório de avaliação de risco!
Por trás dessa mentalidade, está a "mania de planejamento" de alguns universitários em relação ao amor. Eles veem o amor como parte do plano de vida, tão meticulosos quanto ao acumular créditos e obter certificados. O encontro não é mais simplesmente "você gosta de mim, eu gosto de você", mas se transforma em "você se encaixa no meu planejamento de longo prazo?". Para eles, o amor não é uma aventura, mas um "investimento", que deve garantir retorno.
O amor se torna KPI
Você já percebeu que o namoro na universidade está cada vez mais parecido com o cumprimento de KPIs? Assim como nas novas contratações de grupos, muitas pessoas mal podem esperar para descobrir, no primeiro encontro, se o outro pode "desempenhar" o papel de parceiro no futuro. Um amigo, o Xiao Zhang, é um exemplo típico. Ele é um estudante de engenharia, sempre ocupado escrevendo código, e até planeja os encontros como se fosse gerenciamento de projetos. Ele me disse que, antes de sair com uma garota, sempre faz uma lista: palavras-chave para a conversa, possíveis interesses do outro, e até tópicos de "quebra-gelo" alternativos. Uma vez, ele convidou uma garota de humanas para jantar e até se preparou com conhecimentos sobre a área dela, querendo mostrar seu "amplo conhecimento". E o que aconteceu? A garota, enquanto conversava, desviou do assunto e começou a falar animadamente sobre a série que estava assistindo, e o Xiao Zhang ficou confuso, achando que todo seu "banco de perguntas de entrevista" havia sido em vão.
O "fracasso" do Xiao Zhang é bastante representativo. Aqueles que levam currículos para encontros muitas vezes veem o amor como um "projeto", esperando encontrar um "par perfeito" por meio de uma seleção precisa e comunicação eficiente. Eles têm medo de perder tempo, de escolher a pessoa errada, e mais ainda, de que o amor interfira em sua "tarefa principal" — pós-graduação, conseguir um emprego ou alcançar "ascensão social". Assim, o encontro se torna uma entrevista, e o amor se transforma em KPI, enquanto o romance é comprimido nas células de uma planilha do Excel.
Mas o problema é que o amor não é um exame que pode ser quantificado. Você não pode dar uma nota ao sorriso de alguém, nem medir a emoção com "cinco seguros e um fundo de pensão". As informações no currículo realmente podem determinar se alguém é o seu "par perfeito"? Não importa quão bom seja o histórico acadêmico, isso garante que ele te abrace quando você estiver triste? Não importa quão privilegiada seja a família, isso garante que ela vai te fazer companhia até de madrugada quando você estiver trabalhando? A essência do amor é emocional, não racional, mas algumas pessoas insistem em medi-lo com uma régua racional, e o resultado geralmente é um esforço em vão.
A armadilha da "segurança" da mania de planejamento
Por que os universitários precisam ser tão "utilitaristas" ao namorar? No fundo, isso está intimamente relacionado à ansiedade atual dos estudantes universitários. A geração dos anos 90 e 2000 foi ensinada desde cedo a "planejar a vida": obter altas notas no vestibular, ganhar bolsas de estudo na universidade, conseguir um emprego em uma grande empresa após a formatura, e a vida deve seguir um passo a passo, com cautela. O amor, como parte da vida, naturalmente também é incluído nessa "lógica de planejamento". Para eles, encontrar um parceiro é como escolher ações, é preciso escolher um com "fundamentos sólidos", caso contrário, é um desperdício da juventude.
Essa mentalidade é especialmente evidente entre as garotas. Tenho uma irmã mais velha, uma estudante de uma universidade 985, bonita e capaz, mas sempre que fala sobre relacionamentos, ela fica séria. Ela diz: "Para namorar, é preciso encontrar alguém com quem se possa lutar juntos, caso contrário, o que fazer depois? Não quero um namorado que me atrapalhe." Seus padrões de escolha são como um edital: o parceiro deve ter ambição, de preferência com um plano de carreira claro, a expectativa de renda não pode ser inferior a um certo número, e o mais importante é "não atrapalhar meus objetivos de vida". Parece razoável, mas toda vez que ela sai com um garoto, é como se estivesse entrevistando um estagiário, e em menos de três frases já começa a perguntar: "O que você quer fazer no futuro? Já pensou em empreender?" Os garotos geralmente ficam atordoados com as perguntas, e a atmosfera romântica desaparece instantaneamente.
A lógica da irmã mais velha não é difícil de entender: ela quer segurança. Em uma era cheia de incertezas, os universitários enfrentam a pressão dos estudos, do emprego e do futuro, e sempre buscam um pouco de "certeza" no amor. Um "currículo de qualidade" é como uma apólice de seguro, fazendo-os sentir que "essa pessoa não deve me decepcionar". Mas o problema é que o amor nunca foi um cofre. Quanto mais você tenta "filtrar" para evitar riscos, mais pode perder a verdadeira conexão. Afinal, as coisas que não podem ser escritas no currículo — personalidade, sintonia, e até aqueles momentos que fazem o coração acelerar — muitas vezes são a essência do amor.
O amor além do currículo
Claro, não estou dizendo que planejar o amor é errado. Quem não quer encontrar alguém com valores e interesses semelhantes? Mas quando você transforma o amor em um processo de "filtragem de currículos", pode acabar perdendo muitas belezas inesperadas. A história da minha amiga Xiao Ya é bem interessante. Ela conheceu o namorado no segundo ano da faculdade, e na época ele era um "estudante medíocre", reprovando frequentemente, e seu currículo não tinha muito destaque além de "saber jogar basquete". Xiao Ya inicialmente não se interessou por ele, mas uma vez, enquanto faziam um trabalho em grupo, ele ficou acordado até tarde ajudando-a a corrigir um PPT, fazendo piadas para animá-la. Xiao Ya disse que, naquele momento, ela de repente percebeu que, embora ele tivesse um "currículo fraco", sua sinceridade e calor eram nota máxima.
A história da Xiao Ya me faz pensar que o amor é mais como uma aventura do que um exame. Você não pode saber antecipadamente quem é a "resposta correta"; às vezes, aqueles encontros que não seguem o roteiro trazem surpresas. Aqueles que levam currículos para encontros podem encontrar um parceiro "compatível", mas também podem perder aquelas coisas que não podem ser escritas no currículo: o humor de uma pessoa, a bondade, e até mesmo aqueles pequenos defeitos que fazem você sorrir.
Quando o romance encontra a "eficiência"
Não se pode negar que o namoro estilo currículo também tem suas "vantagens". É eficiente, direto, e pode rapidamente eliminar candidatos "incompatíveis". Especialmente na universidade, onde o tempo é precioso, muitos acreditam que "é melhor namorar cedo, senão será tarde demais após a formatura". Assim, os encontros se tornam "reuniões de apresentação" rápidas, e todos mal podem esperar para descobrir, no primeiro encontro, a história familiar do outro. Essa mentalidade de priorizar a eficiência faz com que o amor se torne como pedir comida: primeiro olham as avaliações, depois as vendas, e então decidem se vão fazer o pedido.
Mas o amor pode realmente ser tão "eficiente"? Os verdadeiros sentimentos geralmente precisam de tempo para se desenvolver. Aquela paixão à primeira vista é, sem dúvida, maravilhosa, mas na maioria das vezes, o amor cresce lentamente através de conversas, discussões e reconciliações. O namoro estilo currículo busca a "solução ótima", mas o encanto do amor reside precisamente em sua incerteza. Você pode se apaixonar por um sorriso casual do outro, ou decidir ficar junto após uma conversa profunda à noite. Essas coisas não podem ser escritas no currículo, nem podem ser medidas por "critérios de seleção".
Deixe o currículo de lado, abrace a emoção
No final das contas, aqueles que levam currículos para encontros estão, na verdade, tentando combater o medo emocional de uma maneira racional. Eles têm medo de escolher a pessoa errada, de perder tempo, e de que o amor se torne um "obstáculo" em seus planos de vida. Mas o amor nunca foi um problema matemático, não há resposta padrão, nem fórmula perfeita. Aqueles que tiram currículos durante os encontros talvez devessem se perguntar: você está procurando um parceiro ou um "sócio de vida"? Se for o segundo, talvez você tenha esquecido que o significado do amor não está em "ganhar juntos", mas em viver experiências e crescer juntos.
Na próxima vez que você for a um encontro, tente deixar aquele currículo invisível de lado. Não se apresse em perguntar sobre a classificação do curso ou a situação financeira da família, e não se apresse em calcular se vocês "se encaixam". Tente conversar sobre o último filme que assistiu, compartilhar algumas histórias engraçadas, ou simplesmente comer em uma barraca de rua e ver se conseguem rir até a barriga doer. O começo do amor muitas vezes não precisa de uma abertura perfeita, apenas de um pouco de emoção e um pouco de coragem.
O amor no campus universitário deveria ser a expressão mais livre da juventude. Não deixe que o currículo limite sua emoção, nem que o planejamento prenda seu romance. Afinal, o destino do amor não é um contrato perfeito, mas uma história que você não quer que termine. Quanto àqueles que levam currículos para encontros, talvez busquem segurança, mas podem ter esquecido que a forma mais bonita do amor muitas vezes está escondida em momentos inesperados.