Por que a relação entre gota e purinas é tão sensível?

A gota é uma doença metabólica causada pela alta concentração de ácido úrico no sangue. Quando o ácido úrico atinge níveis elevados no corpo, forma cristais que se depositam nas articulações e tecidos moles, causando uma reação inflamatória intensa. As purinas são compostos orgânicos que ocorrem naturalmente nas células e são precursores diretos do ácido úrico. Tanto a ingestão exógena (alimentos) quanto a produção endógena (metabolismo celular) participam da geração de ácido úrico.

Os humanos carecem de uricase, portanto não conseguem metabolizar o ácido úrico em substâncias mais facilmente excretáveis. Isso significa que, uma vez que a ingestão de purinas é excessiva ou a excreção de ácido úrico é dificultada, os níveis de ácido úrico no sangue tendem a aumentar. Muitos alimentos, como vísceras de animais, alguns peixes, caldos de carne concentrados, cerveja, etc., contêm purinas em níveis elevados, o que pode afetar significativamente a flutuação dos níveis de ácido úrico.

No entanto, as purinas não são "substâncias tóxicas"; elas são uma das bases da composição celular. O problema não está em "as purinas serem prejudiciais", mas sim que o caminho de metabolismo das purinas nos pacientes com gota já está anormal, não conseguindo lidar efetivamente com o excesso de purinas, por isso é necessário realizar intervenções dietéticas conscientes.

Alimentos ricos em purinas não são todos "frutos do mar"

Muitas pessoas, ao ouvir "purinas", automaticamente associam a "frutos do mar", até mesmo equiparando a gota a "comer demais camarões e caranguejos". Na verdade, os frutos do mar não são o tipo de alimento com o maior conteúdo de purinas; algumas carnes vermelhas, leguminosas, cerveja e produtos de carne processada têm até mais purinas.

Com base no conteúdo de purinas, os alimentos podem ser aproximadamente divididos nas seguintes categorias:

Alimentos ricos em purinas (contendo >150 mg de purinas a cada 100 gramas)

Vísceras: fígado, rins, cérebro

Alguns peixes: sardinha, peixe-espinha, enguia

Moluscos: ostras, mariscos

Caldo concentrado: caldo de galinha, caldo de ossos, base para hot pot

Produtos de levedura: cerveja, fermento de pão

Alimentos com purinas moderadas (contendo 50-150 mg de purinas a cada 100 gramas)

Carnes vermelhas: porco, boi, cordeiro

Aves: frango, pato

Leguminosas e produtos de soja: soja, tofu, pele de soja (muito controverso)

Alimentos com baixo teor de purinas (contendo <50 mg de purinas a cada 100 gramas)

Frutas e vegetais: a maioria das frutas e vegetais contém quase nenhuma purina

Laticínios e ovos: leite, iogurte, ovos

Carboidratos refinados: arroz, macarrão, pão branco, etc.

É importante notar que alguns vegetais, como espinafre, cogumelos e couve-flor, embora contenham purinas, têm predominantemente purinas solúveis em água e baixa biodisponibilidade, tendo um impacto fraco nos níveis de ácido úrico. Portanto, não é recomendado restringi-los excessivamente.

Estratégias dietéticas durante a crise de gota

Quando a gota se manifesta, geralmente vem acompanhada de inchaço, dor intensa, calor local e outros sintomas evidentes, sendo uma resposta do corpo à acumulação de cristais de ácido úrico que gera uma inflamação aguda. As alterações dietéticas nesta fase devem ter como foco "reduzir a carga e combater a inflamação", evitando estimular ainda mais o aumento do ácido úrico ou interferir no controle da inflamação.

Reduzir a ingestão de alimentos ricos em purinas

Durante a fase de crise, deve-se controlar rigorosamente a ingestão de alimentos ricos em purinas, especialmente vísceras, frutos do mar, caldos de carne concentrados e bebidas alcoólicas, e até mesmo limitar temporariamente carnes vermelhas com purinas moderadas, para evitar agravar a produção de ácido úrico.

Manter a ingestão adequada de água

A água é o solvente do metabolismo. Durante a fase de crise, recomenda-se uma ingestão diária de água de pelo menos 2,5 litros, para promover a excreção de ácido úrico pela urina. Recomenda-se beber água pura, chá leve e água com limão, evitando bebidas açucaradas e chá forte.

Priorizar uma dieta baixa em gordura e leve

O consumo excessivo de gordura pode afetar a função de excreção de ácido úrico, devendo-se evitar alimentos fritos e laticínios ricos em gordura, optando por métodos de cozimento como vapor, fervura e ensopado.

Controlar a fonte e a quantidade total de proteínas

Não é aconselhável proibir completamente as proteínas, podendo-se ingerir moderadamente laticínios, ovos e produtos de soja como substitutos, mas é necessário observar a tolerância gastrointestinal do paciente.

Evitar jejum e estado de fome

Muitas pessoas erroneamente acreditam que "não comer não produzirá ácido úrico", mas o jejum estimula a degradação de gorduras e proteínas no corpo, aumentando a produção endógena de ácido úrico.

Abordagem dietética para a fase de alívio da gota e controle a longo prazo

Uma vez que a inflamação diminui, os pacientes muitas vezes relaxam a vigilância e começam a "comer à vontade". Mas, na verdade, a fase de alívio é a etapa crucial para estabelecer um padrão alimentar estável a longo prazo.

Restaurar gradualmente proteínas de alta qualidade

Pode-se introduzir moderadamente carnes vermelhas (não mais que 2 vezes por semana, não mais que 100 gramas por vez), preferindo carnes magras e tipos de peixes com baixo teor de purinas, como o robalo e a pescada. Proteínas vegetais, como tofu e leite de soja, podem ser testadas em pequenas quantidades, mas devem ser consideradas as diferenças individuais.

Estabelecer uma estrutura a longo prazo de baixo teor de purinas + baixo teor de gordura + controle de açúcar

Dietas ricas em gordura e açúcar podem levar à resistência à insulina, inibindo a excreção de ácido úrico. A gestão a longo prazo deve ter como base grãos integrais, vegetais e frutas, controlando a ingestão total de calorias e mantendo o peso estável.

Evitar álcool, especialmente cerveja

O álcool pode promover o acúmulo de ácido lático, inibindo a excreção de ácido úrico, e a cerveja contém levedura, que é rica em purinas, tornando-a extremamente desfavorável para pacientes com gota.

Monitorar os níveis de ácido úrico no sangue

A alteração na dieta não é um "jejum cego", mas sim um controle planejado da ingestão e observação das reações. Monitorar regularmente os níveis de ácido úrico no sangue é a base para avaliar a eficácia da gestão dietética.

Análise de casos: controlar purinas de forma razoável é a chave

Caso 1: A "vida isolada de frutos do mar" do Sr. Lin

O Sr. Lin tem gota há muitos anos e detesta "frutos do mar", não se atrevendo a comer camarões e caranguejos, evitando até mesmo sopa de alga. No entanto, ele adora beber cerveja todos os dias, comer salsichas e pratos muito temperados, frequentemente bebendo bebidas açucaradas para saciar a sede. Como resultado, a frequência das crises não diminui, mas aumenta. O médico apontou que o problema não estava nos frutos do mar, mas sim no desequilíbrio geral da dieta e na ingestão de bebidas açucaradas. Após ajustar sua dieta, as crises diminuíram significativamente em dois meses.

Caso 2: O equívoco da "proibição do tofu" da Sra. Wang

Após uma crise de gota, a Sra. Wang foi alertada por um vizinho de que "tofu é o inimigo da gota". Assim, ela não tocou em leguminosas por três anos. No entanto, devido à sua dieta predominantemente vegetariana, a ingestão de proteínas foi severamente insuficiente, resultando em perda muscular e diminuição da imunidade. O nutricionista sugeriu que ela reavaliasse a biodisponibilidade das purinas nos produtos de soja, introduzindo moderadamente tofu e leite de soja, além de aumentar a ingestão de leite e ovos, o que não apenas equilibrou sua nutrição, mas também não provocou novas crises de gota.

Esses dois casos mostram que não é que certos tipos de alimentos "não podem ser consumidos", mas sim "como comer, quanto comer e se a ingestão é razoável" que é o foco. Em vez de cair na dicotomia de "alimentos bons ou ruins", é melhor entender a lógica nutricional por trás da "carga de purinas".

Gestão alimentar familiar e lembretes sobre equívocos comuns

Equívoco 1: "Não pode comer nada"

Alguns pacientes, por medo, rejeitam todas as proteínas, resultando em desnutrição e diminuição da força. O controle de purinas não significa jejum absoluto, mas sim controle da quantidade total e escolhas de qualidade.

Equívoco 2: "Apenas focar em frutos do mar, sem olhar para bebidas"

Muitos pacientes ignoram as purinas e a carga metabólica em bebidas açucaradas, cerveja, caldos concentrados e bases para hot pot, que são os verdadeiros "assassinos ocultos".

Equívoco 3: "Se tiver gota, deve-se tomar medicamentos para reduzir o ácido úrico para sempre"

O tratamento medicamentoso deve ser realizado sob orientação médica, e não depender de um único indicador para ajustar a dosagem. A dieta é apenas uma parte da gestão e deve ser combinada com medicamentos.

Sugestões para gestão familiar:

Planejar um cardápio semanal, evitando alimentos ricos em purinas com alta repetição.

Fornecer ao paciente frutas e vegetais em abundância, uma variedade de carboidratos, com baixo teor de óleo e sal.

Melhorar os hábitos alimentares da família, evitando tentações e desinformação.

Registrar a dieta e a ocorrência de crises, estabelecendo um "mapa" alimentar individualizado.

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