A resposta imunológica e os efeitos colaterais não são a mesma coisa

O desconforto que ocorre após a vacinação geralmente pode ser dividido em duas categorias: resposta imunológica e eventos adversos. No contexto médico, há uma diferença essencial entre os dois.

A resposta imunológica é o processo pelo qual o corpo reconhece os componentes da vacina e ativa o sistema de defesa, manifestando-se como vermelhidão local, febre baixa, fadiga, entre outros, e é uma reação fisiológica normal. Por exemplo, a dor no braço após a vacinação contra o tétano ou a leve febre após a vacinação contra a gripe são manifestações do sistema imunológico "aprendendo a reconhecer o inimigo".

Os **eventos adversos** referem-se a situações que vão além do intervalo de reações normais e podem causar desconforto ou riscos à saúde, como choque anafilático, anomalias no sistema nervoso, etc. Felizmente, essas reações adversas graves são extremamente raras, com uma taxa de ocorrência geralmente inferior a um em um milhão.

Tomando a vacina de mRNA contra a COVID-19 como exemplo, dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA mostram que cerca de 60% dos vacinados relataram dor no local da injeção após a primeira dose, 30% relataram fadiga ou febre baixa, mas a taxa de ocorrência de reações alérgicas graves (como choque anafilático) é de apenas cerca de 5 casos a cada milhão de doses.

Portanto, não se pode considerar o "desconforto após a vacinação" como um "efeito colateral" da vacina. Muitas vezes, aquelas reações que parecem desconfortáveis são, na verdade, manifestações do funcionamento da vacina.

O mecanismo científico por trás da "febre após a vacinação"

A febre é uma das reações desconfortáveis mais frequentemente mencionadas após a vacinação. Muitos pais notam que seus filhos apresentam leve febre após a vacinação, o que muitas vezes gera ansiedade e preocupação.

Na verdade, isso é uma reação sistêmica causada pela ativação imunológica. Após a vacina entrar no corpo, o sistema imunológico a reconhece como um "antígeno estrangeiro" e rapidamente libera citocinas (como interferons, interleucinas, etc.), que atuam no centro de regulação da temperatura do cérebro, causando um aumento na temperatura corporal.

Essa "febre programada" tem um significado positivo na formação da memória imunológica. Estudos mostram que uma febre moderada pode aumentar a produção de anticorpos e a atividade das células T, tornando o reconhecimento dos patógenos mais duradouro e preciso.

Por exemplo, em um estudo no Reino Unido com bebês, a leve febre após a vacinação contra a difteria, tétano e coqueluche foi positivamente correlacionada com níveis mais altos de anticorpos protetores. Isso indica que a febre não é um sinal de que a vacina está fora de controle, mas sim que o corpo está "ensaiando" seriamente.

Claro, temperaturas muito altas ou febres persistentes por mais de 48 horas devem ser levadas a sério, e deve-se procurar atendimento médico para verificar se há outras infecções ou reações anormais individuais. Mas a grande maioria dos casos de "febre após a vacinação" geralmente se resolve naturalmente em 1-2 dias, sem necessidade de tratamento especial.

Quais são as reações desconfortáveis comuns após a vacinação?

Diferentes tipos de vacinas, devido a componentes, doses, adjuvantes, etc., apresentam reações ligeiramente diferentes após a vacinação, mas podem ser amplamente divididas em reações locais e reações sistêmicas:

Reações locais (taxa de ocorrência mais alta)

Vermelhidão, dor e induração no local da injeção

Leve aquecimento ou coceira na pele

Desconforto leve ao toque, geralmente aliviado em 1-3 dias

Reações sistêmicas (raras, mas comuns em crianças)

Febre (febre baixa é comum, atenção se ultrapassar 38,5°C)

Fadiga, dor muscular, dor de cabeça

Náusea, leve diminuição do apetite

Reações adversas raras (extremamente raras)

Reações alérgicas (como urticária, crise de asma)

Choque anafilático (como dificuldade respiratória, palidez, extremamente raro)

Reações do sistema nervoso (como paralisia facial, convulsões, necessitando de avaliação médica adicional)

Por exemplo, entre os vacinados com a vacina de mRNA contra a COVID-19 (como Moderna, Pfizer), cerca de 15% relataram fadiga ou dor muscular, mas a maioria se recuperou em dois dias. Já as vacinas inativadas amplamente utilizadas na China (como Sinovac, Sinopharm) têm uma proporção ainda menor de reações, sendo adequadas para a população idosa.

É importante esclarecer que as reações desconfortáveis após a vacinação geralmente são breves e controláveis, muito menos intensas do que os sintomas causados pelo próprio vírus. Tomando a infecção pelo coronavírus como exemplo, o risco de febre, tosse, opressão no peito e até insuficiência respiratória é significativamente maior do que o desconforto causado pela vacina.

Casos reais: a manifestação de reações vacinais e diferenças individuais

A preocupação do público com os efeitos colaterais das vacinas muitas vezes se origina de experiências individuais ao seu redor. Os seguintes dois casos reais ajudam a entender melhor a natureza das reações:

Caso 1: Professora jovem apresenta febre baixa por dois dias após receber a vacina HPV de nove valências

A Sra. Chen, 29 anos, apresentou leve febre baixa (37,8°C) e leve fadiga após receber a primeira dose da vacina HPV de nove valências, que durou cerca de 48 horas e se resolveu sozinha. Sem outros desconfortos. As doses subsequentes, segunda e terceira, não apresentaram reações.

→ O médico avaliou como um processo normal de ativação imunológica, sem necessidade de intervenção, recomendando aumentar a ingestão de água e descansar. Essa reação indica que a vacina está funcionando.

Caso 2: Menino de 5 anos apresenta febre alta e convulsões após receber a vacina DTPa

Um menino de 5 anos em Guangzhou apresentou febre alta de 39,5°C e convulsões febris na noite do mesmo dia em que recebeu a vacina DTPa, sendo internado para observação. Após a exclusão de outras infecções, o hospital avaliou como convulsões febris, não sendo diretamente causadas por toxicidade neurológica dos componentes da vacina.

→ Especialistas em pediatria explicaram que convulsões febris são uma reação comum em crianças, com correlação temporal em relação à vacina, mas não causal, e que a vacinação pode continuar, mas com monitoramento mais rigoroso.

Esses dois casos mostram que, mesmo recebendo a mesma vacina, as reações podem variar de pessoa para pessoa, e a experiência da maioria é segura e suave. E mesmo que ocasionalmente ocorram reações mais fortes, isso não significa que a vacina "está com problemas", mas pode ser apenas uma questão de diferenças individuais.

Por que vacinas com alta segurança ainda precisam de monitoramento rigoroso?

Embora a segurança geral das vacinas tenha sido rigorosamente testada em ensaios clínicos e aprovada para uso, as reações adversas após a vacinação ainda precisam ser monitoradas de perto. Isso não significa que a vacina "tem problemas", mas é uma questão de responsabilidade com a saúde pública.

Países ao redor do mundo estabeleceram sistemas de monitoramento de eventos adversos vacinais (como o sistema CNAEFI na China, o sistema VAERS nos EUA), para receber qualquer relato de reações anormais após a vacinação por médicos e pelo público, e realizar análises de causalidade por instituições especializadas.

O significado desse mecanismo é:

Descobrir efeitos colaterais extremamente raros (como algumas pessoas que são alérgicas a componentes da vacina)

Avaliar dinamicamente o desempenho de diferentes vacinas em diferentes regiões e populações

Otimizar estratégias de vacinação, aumentando a segurança da vacinação e a confiança do público

Por exemplo, em 2021, a Agência Europeia de Medicamentos notou que a vacina contra a COVID-19 da AstraZeneca estava relacionada a coágulos sanguíneos em uma pequena parte dos vacinados, e após verificação de dados, ajustou as recomendações de grupos, evitando a disseminação de riscos.

A existência desse tipo de mecanismo de monitoramento demonstra que a gestão moderna de vacinas não se preocupa apenas com a "eficácia", mas também com a "segurança", e está disposta a assumir a responsabilidade por incertezas individuais.

Como estabelecer uma compreensão racional do público sobre as reações vacinais?

Na era da rápida disseminação de informações, as reações à vacinação muitas vezes são amplificadas na internet. Relatos de pessoas que apresentam febre, desmaios ou até hospitalizações após a vacinação podem causar pânico público. Mas, do ponto de vista científico, a maioria desses eventos é uma correlação temporal incidental, e não uma relação causal provocada pela vacina.

Estabelecer uma compreensão racional requer que se faça o seguinte:

Compreender o intervalo normal de reações à vacinação: febre, dor e fadiga são comuns, não há necessidade de preocupação excessiva.

Dar importância aos critérios de identificação de reações adversas reais: febre persistente, sintomas alérgicos e anomalias no estado mental devem ser avaliados rapidamente por um médico.

Ver a diferença individual de forma científica: não se pode inferir a segurança de toda a população vacinada a partir das reações de algumas pessoas.

Consultar médicos profissionais em vez de comentários na internet: aqueles que têm dúvidas sobre a vacinação devem buscar avaliação individual com um médico, em vez de acreditar em opiniões na internet.

Prestar atenção aos comunicados de segurança de instituições autorizadas: informações divulgadas por centros de controle de doenças, como o CDC da China e a Organização Mundial da Saúde, têm maior credibilidade.

As vacinas são uma medida de intervenção em saúde pública, desempenhando um papel significativo na redução da incidência de doenças, controle de fontes de infecção e proteção de grupos vulneráveis. Em comparação com o leve desconforto causado pela vacina, os riscos, complicações e ônus médicos causados pela própria doença merecem mais atenção.

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