Sendo vietnamita e se você tem uma terra distante e está trabalhando em uma grande cidade, com certeza você está familiarizado com essa cena. Você vai subir em um ônibus leito, aconchegado em uma pequena cama, puxar a cortina e ouvir o som do ônibus rolando, dormindo um pouco e logo estará em casa. De Hanói a Ho Chi Minh, de Da Lat a Can Tho, de Lao Cai a outros lugares, os ônibus leito são realmente um salvador para longas viagens. E na China, nos anos 2000, esse tipo de ônibus também era o número um, mas depois eles desapareceram.
Por que isso aconteceu?
Para entender por que a China abandonou os ônibus leito, vamos voltar aos anos 90 e início dos anos 2000. Naquela época, a China estava em uma explosão econômica. Muitas rodovias para carros foram construídas, mas as ferrovias de alta velocidade como as de hoje ainda não existiam em grande número. Viajar de avião era muito caro, reservado apenas para os ricos. Portanto, se você quisesse ir de Pequim a Cantão, de Xangai a Chengdu, os ônibus leito eram a melhor opção e eram especialmente adequados para os trabalhadores que estavam longe de casa em um país com bilhões de habitantes como a China.
Assim como no Vietnã, esses ônibus geralmente têm dois andares, acomodando de 40 a 50 pessoas, ou até mais. Você precisa gastar um pouco de dinheiro, subir no ônibus, encontrar uma cama confortável, puxar a cortina, deitar e dormir um pouco até chegar ao destino. E esses ônibus também costumam operar à noite, ajudando a economizar tempo, especialmente em rotas longas de milhares de quilômetros. No auge, a China tinha até 30 mil ônibus leito circulando por todo o país. Mas nem sempre a vida é como a gente espera e a vida não é tão bonita quanto os sonhos em um ônibus leito. Por trás dessa conveniência, existem muitos problemas que as pessoas não preveem. E são esses problemas que levaram a China a agir para eliminar os ônibus leito.
Você já subiu em um ônibus e se perguntou se é seguro deitar ali?
Na China, a resposta não é necessariamente sim. No início da década de 2010, a China teve que enfrentar continuamente acidentes horríveis envolvendo ônibus leito. Em média, há mais de uma dúzia de grandes acidentes por ano, o que significa que, em média, há um grande acidente a cada mês. Os ônibus têm um chassi baixo, as camas são empilhadas, os corredores são estreitos e as saídas de emergência são escassas. Sempre que ocorre um acidente, é certo que alguém ficará preso dentro do ônibus e não conseguirá escapar. Imagine dezenas de pessoas espremidas em um compartimento fechado durante um incêndio ou explosão, quão aterrorizante isso pode ser.
Na verdade, houve muitos acidentes trágicos em que as vítimas morreram principalmente porque ficaram presas e não conseguiram escapar. Um dos acidentes mais marcantes ocorreu em agosto de 2012 em uma rodovia na província de Shaanxi. Um ônibus leito de dois andares colidiu violentamente com um caminhão carregado de produtos químicos. O ônibus pegou fogo e 36 pessoas não sobreviveram. Toda a China ficou chocada, a imprensa e as redes sociais da época, embora não fossem tão populares como hoje, também estavam agitados com o incidente.
Mas por que esses acidentes são tão horríveis?
Primeiro, os ônibus leito, especialmente os de dois andares, têm um centro de gravidade muito alto. Quando o ônibus viaja rapidamente na rodovia ou o motorista faz uma manobra brusca, é fácil que o ônibus capote. E se capotar, o que acontece? Os passageiros deitados nas camas não usam cinto de segurança, sendo arremessados ou presos nos destroços. Pior ainda, muitos ônibus não têm saídas de emergência adequadas, tornando o resgate quase impossível. Em segundo lugar, há questões relacionadas às pessoas, especificamente os motoristas. Os motoristas frequentemente perdem a concentração ou ficam sonolentos porque os ônibus leito geralmente operam à noite para economizar tempo, e os motoristas muitas vezes precisam dirigir continuamente, às vezes sem descanso. Muitas pessoas são forçadas a dirigir para cumprir horários, exaustas e distraídas, e assim os acidentes acontecem.
Outro problema humano é o dos passageiros. Quase ninguém usa cinto de segurança, e quando estão deitados dormindo, quem se lembraria de colocar o cinto? Portanto, quando um acidente acontece, não há como se proteger. Esses acidentes não são apenas números nas notícias, são a dor de centenas de famílias, um alerta que fez o governo chinês mudar. E em 2012, após passar por muitos grandes acidentes, a China decidiu lidar com os ônibus leito. Mas não proibiram imediatamente; houve um cronograma. Primeiro, foi proibida a produção e venda de ônibus leito de dois andares no início de 2012. As grandes empresas que costumavam ganhar muito dinheiro com esses ônibus tiveram que interromper imediatamente a produção, sem novos ônibus e os antigos logo ficariam obsoletos.
Em seguida, eles não permitiram mais o registro de novos ônibus leito. Isso significa que mesmo que você compre um ônibus usado, não poderá registrá-lo para operar legalmente. Os ônibus antigos, à medida que se deterioram, serão eliminados gradualmente, e o número diminuirá visivelmente. Além disso, a China exigiu que todos os ônibus leito passassem por rigorosos testes de segurança, desde freios, pneus, saídas de emergência, qualquer coisa que não atendesse aos padrões seria imediatamente proibida. Eles também instalaram rastreadores nos ônibus para monitorar e garantir que os motoristas nunca dirigissem por mais horas do que o permitido.
Em muitas províncias montanhosas, a China também proibiu os ônibus leito de operar das 2h às 5h ou em horários perigosos. Este é o horário em que os motoristas estão mais sonolentos, o que aumenta o risco de acidentes. Este plano foi projetado para que os ônibus leito desaparecessem gradualmente, sem a necessidade de uma proibição direta. O governo apenas precisou apertar as regras passo a passo e legalizá-las. E em um período de 5 a 6 anos, eles previram que esse tipo de ônibus desapareceria. E você sabe, eles estavam certos.
Mas não é apenas por causa dos acidentes e das regras; uma grande razão pela qual os ônibus leito foram eliminados é que a China mudou sua forma de transporte. As pessoas usavam os ônibus leito porque eram baratos, rápidos e convenientes, e agora, se houver algo mais conveniente e razoável, as pessoas mudarão para isso.
Enquanto apertava as regras para os ônibus leito, a China investiu fortemente em outros meios de transporte mais seguros.
Primeiro, devemos mencionar o sistema de trens de alta velocidade. A China possui a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, com mais de 40 mil quilômetros de trilhos, conectando quase todas as grandes cidades. Ir de Pequim a Xangai, que antes era muito cansativo de ônibus leito, agora é rápido e muito mais agradável de trem de alta velocidade. O preço das passagens também está se tornando cada vez mais acessível, fazendo com que os ônibus leito percam sua vantagem. Além disso, as companhias aéreas de baixo custo também surgiram, com aeroportos se multiplicando em todos os lugares. As companhias aéreas de baixo custo se desenvolveram rapidamente, e viajar de avião não é mais um sonho luxuoso para os ricos. Muitas pessoas optam por voar para economizar tempo, especialmente em rotas muito longas, que são muito mais longas do que as de trem de alta velocidade.
Finalmente, em vez de ônibus leito, as empresas de transporte mudaram para ônibus com assentos confortáveis, Wi-Fi, tomadas elétricas, e o mais importante, são mais seguros para viagens de curta e média distância. Os passageiros devem usar cintos de segurança, reduzindo o risco em caso de incidentes.
Como resultado, de 2012 a 2018, ou seja, em cerca de 6 anos, menos de uma década, os ônibus leito praticamente se extinguiram nas grandes cidades da China. Nas áreas rurais, ainda há alguns ônibus antigos circulando, mas devem seguir regras rigorosas. Em termos simples, a era dos ônibus leito realmente acabou. Esses ônibus já estão fora de circulação.
Agora, vamos voltar um pouco ao Vietnã, porque essa história também é muito próxima de nós. Se você já viajou de ônibus leito de Hanói para Ha Tinh e Hue, de Hanói para Lao Cai ou de Saigon para Da Lat, com certeza você entende a sensação de deitar no ônibus, ouvir música, navegar no celular e dormir um pouco até chegar ao destino. Os ônibus leito no Vietnã ainda são uma escolha preferida para longas viagens, especialmente para estudantes, trabalhadores ou pessoas que gostam de experiências. Mas olhando para a China, vemos que também há alguns pontos semelhantes e preocupantes.
No Vietnã, os ônibus leito ainda são muito populares, especialmente em rotas longas de milhares de quilômetros, e muitas províncias não têm aeroportos. Mas você já percebeu? Nossos ônibus leito costumam operar à noite e nem sempre os motoristas têm descanso adequado. Acidentes, embora não ocorram apenas com ônibus leito, ainda aparecem de vez em quando. Talvez você já tenha ouvido essas histórias. Olhando para a cidade de Ho Chi Minh, você também vê que o Vietnã está começando a agir. A cidade proibiu a operação em determinados horários, e até houve propostas para proibir completamente, mas ainda não foram aprovadas. Isso mostra que o Vietnã também está percebendo que, embora os ônibus leito sejam convenientes, podem causar problemas em cidades densamente povoadas. No entanto, ao contrário da China, o Vietnã ainda não proibiu a produção ou o registro de novos ônibus leito. Esse tipo de ônibus ainda está circulando nas rotas interprovinciais.
Então, o que podemos aprender com a China?
Primeiro, a segurança é a prioridade. A China provou que, não importa quão conveniente sejam os ônibus leito, se não forem seguros, podem ser eliminados. E a história dos ônibus leito na China não é apenas sobre veículos, é também uma história sobre como um país enfrenta problemas e muda a segurança como prioridade máxima, disposto a eliminar esse meio de transporte para proteger a vida das pessoas.
Os acidentes que ocorreram há mais de uma década são um aviso de que a conveniência não deve ser trocada por segurança, mas o importante é ter uma alternativa. Eles investiram fortemente no futuro em vez de se apegar aos ônibus leito. Eles desenvolveram trens de alta velocidade, companhias aéreas de baixo custo e ônibus modernos. Isso não apenas resolve o problema da segurança, mas também proporciona à China outros meios de transporte, e as pessoas se beneficiam muito. O Vietnã terá trens de alta velocidade do Norte ao Sul no futuro, e talvez os ônibus leito também se tornem parte do passado.