Uma perspectiva filosófica sobre o "fingir dormir": do existencialismo ao pragmatismo

"Fingir dormir" não é apenas preguiça, mas uma concessão e fuga da realidade. Filósofos já analisaram profundamente esse fenômeno.

1. O existencialismo de Heidegger: queda e autenticidade

O filósofo alemão Heidegger, em "Ser e Tempo", propôs que a "queda" (Gefallen) é o estado universal da existência humana. As pessoas são lançadas no fluxo do "homem comum" (das Man) na vida cotidiana, aceitando passivamente as regras estabelecidas, em vez de questionar ativamente o significado da existência. Essa "queda" é altamente semelhante ao "fingir dormir" — o indivíduo renuncia à auto-reflexão e segue cegamente a narrativa social. Por exemplo, na política energética da Alemanha no início do século XX, embora a tecnologia de energia renovável já estivesse em desenvolvimento, políticos e capital ainda optaram por depender de combustíveis fósseis, ocultando a crise de longo prazo em troca de benefícios de curto prazo. Essa "queda" só foi parcialmente despertada após o acidente nuclear de Chernobyl, mas o custo foi um enorme desastre ecológico.

2. Pragmatismo: racionalidade instrumental e desordem de valores

O pragmatismo do filósofo americano Dewey enfatiza que "a verdade é uma ferramenta", acreditando que o valor das ideias reside em seus efeitos práticos na resolução de problemas. No entanto, quando a racionalidade instrumental é alienada em uma adoração cega à eficiência, "fingir dormir" se torna a norma. Tomando a "transição energética" da Alemanha como exemplo, embora o país esteja na vanguarda das tecnologias de energia eólica e solar, os gigantes da energia tradicional, por meio de lobby e manipulação de capital, atrasam a implementação de políticas. Esse "fingir dormir" é essencialmente uma distorção do pragmatismo — as pessoas simplificam a "ferramenta" (energia) a indicadores econômicos, ignorando a responsabilidade ética por trás disso.

3. A crítica ideológica de Žižek: a mentira pública

Slavoj Žižek aponta que a essência da ideologia é a "mentira pública" — ela encobre as contradições da realidade por meio de narrativas fictícias. Por exemplo, a plataforma de economia compartilhada Airbnb afirma "aproximar o mundo", mas na prática agrava a escassez de habitação e a alienação comunitária. Os usuários, cientes da exploração existente (como a desigualdade de poder entre proprietários e inquilinos), escolhem "fingir dormir" e continuam a usar o serviço para obter conveniência. Esse "fingir dormir" é uma cumplicidade com a ideologia, e não um despertar.

II. "Fingir dormir" na sociedade: o dilema do inconsciente coletivo

O "fingir dormir" na sociedade moderna muitas vezes existe de forma mais oculta, manifestando-se como silêncio diante da injustiça, conivência com a corrupção e até mesmo negação do senso comum.

1. "Fingir dormir" na crise ambiental: o paradoxo da transição energética da Alemanha

Após o acidente nuclear de Fukushima em 2011, a Alemanha se comprometeu a eliminar gradualmente a energia nuclear e a transitar para energias renováveis. No entanto, durante esse processo de transição, as empresas de energia tradicionais pressionaram o governo para prolongar a vida útil das usinas a carvão e moldaram a opinião pública para apresentar o "hidrogênio verde" como uma alternativa. Esse "fingir dormir" não apenas atrasou a realização das metas de neutralidade de carbono, mas também levou a uma crise de confiança do público nas políticas. Como disse o filósofo Adorno: "A racionalidade da civilização industrial é precisamente a prova de sua irracionalidade."

2. Monopólio tecnológico e alienação cognitiva: a crise de confiança da economia de plataformas

As plataformas de economia compartilhada, representadas pelo Airbnb, aparentemente otimizam a alocação de recursos por meio de algoritmos, mas na verdade constroem uma "Torre de Babel digital" — a relação de confiança entre usuários, proprietários e plataformas é obscurecida pela tecnologia. Os proprietários, cientes de que a plataforma retira altas comissões, são forçados a aceitar devido à pressão competitiva; os inquilinos, cientes de que as informações sobre os imóveis podem ser imprecisas, escolhem ignorar isso em nome da conveniência. Esse "fingir dormir" é uma dependência excessiva da racionalidade técnica, como criticado pela Escola de Frankfurt, que fala sobre "a dominação da racionalidade instrumental sobre os seres humanos".

3. "Fingir dormir" no campo cultural: a falsa prosperidade do mercado de arte

No mercado de arte contemporânea, alguns artistas criam narrativas falsas por meio de "conceitos antecipados" para atender à demanda do capital. Por exemplo, um jovem artista cria uma instalação de lixo plástico em nome da "sustentabilidade", mas na verdade utiliza as redes sociais para inflacionar o preço, enquanto a obra em si não possui valor ecológico real. Os colecionadores, cientes das armadilhas, escolhem "fingir dormir" em nome da lógica de investimento. Esse "fingir dormir" é uma traição à essência da arte, como disse Nietzsche: "A arte é a mais alta afirmação da vida, e não um apêndice do capital."

III. Ideologia e falsa consciência: por que as pessoas estão dispostas a "fingir dormir"?

A raiz do fenômeno "fingir dormir" está no controle ideológico e na infiltração da falsa consciência.

1. O discurso de poder de Foucault: a produtividade do conhecimento

O filósofo francês Foucault apontou que o poder mantém sua legitimidade por meio da produção de conhecimento. Por exemplo, empresas de energia tradicionais financiam pesquisas sobre "controvérsias científicas climáticas", criando uma narrativa de que "tecnologias de baixo carbono são inviáveis" para preservar a estrutura de interesses existente. Esse "fingir dormir" é o resultado da cumplicidade entre poder e conhecimento, como Foucault disse: "O poder não é repressivo, mas produtivo."

2. A teoria da ação comunicativa de Habermas: a falta de racionalidade na comunicação

Habermas acredita que a crise da sociedade moderna decorre do declínio da "racionalidade comunicativa" — as pessoas não buscam mais a comunicação racional no espaço público, mas recorrem à expressão emocional. Tomando a controvérsia do Airbnb como exemplo, os conflitos entre proprietários e inquilinos muitas vezes se transformam em violência online, em vez de serem resolvidos por meio de negociação. Esse "fingir dormir" é uma renúncia à racionalidade comunicativa, como criticado por Habermas, que fala sobre "a colonização da vida pelo sistema".

3. O materialismo histórico de Marx: a alienação da base econômica

Marx apontou que, na sociedade capitalista, a relação entre os trabalhadores e os frutos de seu trabalho é alienada. Na transição energética, a consciência ambiental da população comum se opõe de forma aguda à dependência do capital em combustíveis fósseis. Por exemplo, os trabalhadores alemães se opõem ao fechamento das minas de carvão devido ao risco de desemprego, sem perceber que seus problemas de subsistência decorrem da exploração estrutural do capital. Esse "fingir dormir" é uma traição ao materialismo histórico, como disse Marx: "Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é mudá-lo."

IV. O caminho do despertar: da individualidade à ruptura coletiva

"Fingir dormir" não é algo impossível de ser quebrado. A história prova que o despertar muitas vezes começa com a coragem individual e, por fim, se reúne em uma transformação coletiva.

1. O despertar individual: o retorno do pensamento crítico

Zhou Lian enfatiza que, mesmo em condições externas adversas, o indivíduo ainda pode escolher "viver uma vida virtuosa". Por exemplo, o engenheiro alemão Hans Jost insistiu no desenvolvimento de pequenos geradores eólicos na década de 1970, apesar de enfrentar resistência tanto do capital quanto das políticas. Sua ação prova que o pensamento crítico individual é o ponto de partida para quebrar o "fingir dormir".

2. O despertar coletivo: discussão pública e inovação institucional

O despertar requer diálogo racional no espaço público. Por exemplo, a Alemanha aprovou em 2015 a "Lei de Transição Energética", que estabelece um cronograma para a eliminação do carvão e cria um fundo de transição para garantir os direitos dos trabalhadores. A implementação dessa política não poderia ter ocorrido sem a voz contínua de organizações ambientais, sindicatos e sociedade civil. Como disse Habermas: "A discussão racional no espaço público é a base da política democrática."

3. O despertar institucional: a dupla garantia de regras e educação

O despertar não apenas requer coragem individual, mas também apoio institucional. Por exemplo, a União Europeia aprovou a "Lei do Mercado Digital" para limitar o comportamento monopolista das grandes empresas de tecnologia, forçando as plataformas a tornarem transparentes as regras de uso de dados. Ao mesmo tempo, o sistema educacional deve cultivar o pensamento crítico, permitindo que a nova geração aprenda a discernir a verdade, em vez de seguir cegamente as tendências.

V. Conclusão: a centelha do despertar nunca se apaga

"Você não pode acordar alguém que está fingindo dormir", mas você pode ser a pessoa que acende a centelha.

Seja o pensamento dos filósofos ou a luta das pessoas comuns, todos nos dizem: o despertar nunca é uma luta solitária, mas uma corrida de revezamento que atravessa o tempo e o espaço. Quando o indivíduo escolhe abrir os olhos, quando o coletivo se recusa a cair, quando a instituição oferece abrigo à verdade, o mundo que "finge dormir" será finalmente iluminado. Como disse Heidegger: "A missão da filosofia é defender a existência." Vamos, com a postura dos despertos, acolher o momento de despertar que pertence a cada um.

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