O que é o medicamento originalmente? De auxiliar no diabetes a ferramenta de gerenciamento de peso
Semaglutida foi desenvolvida pela empresa farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk e pertence à classe dos agonistas do receptor GLP-1 (agonista do peptídeo-1 semelhante ao glucagon), sendo inicialmente utilizada para o controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2. Seu mecanismo de ação inclui principalmente: promover a secreção de insulina, inibir a liberação de glucagon, retardar o esvaziamento gástrico e aumentar a sensação de saciedade.
Esses mecanismos não apenas ajudam a estabilizar a glicose, mas também trazem efeitos adicionais — redução do apetite e diminuição da ingestão alimentar, resultando em perda de peso gradual. Em 2021, a FDA dos EUA aprovou oficialmente a semaglutida em altas doses para o gerenciamento de peso a longo prazo em populações "com sobrepeso ou obesidade", sob o nome comercial Wegovy, gerando atenção global.
No entanto, é importante notar que essa indicação é estritamente limitada a pacientes obesos com IMC ≥ 30, ou IMC ≥ 27 com comorbidades como hipertensão e dislipidemia. Em outras palavras, a semaglutida é essencialmente parte de um plano de tratamento para doenças crônicas, e não uma "fórmula mágica para emagrecimento" para pessoas saudáveis.
Os efeitos farmacológicos são de fato significativos. Um estudo clínico mostrou que, após 68 semanas de uso, os participantes perderam em média 14,9% do peso, com alguns indivíduos perdendo mais de 20%. Mas o pré-requisito para isso é a avaliação profissional e a intervenção médica sob controle rigoroso, o que não deve ser subestimado.
Por trás do fenômeno da internet: por que a demanda por emagrecimento se voltou para a "dependência de medicamentos"?
A velocidade de disseminação nas redes sociais supera em muito a da literatura médica. Plataformas de vídeos curtos, entrevistas com celebridades e compartilhamento de experiências de pessoas comuns mencionam frequentemente "perdi 10 quilos em um mês após usar semaglutida", "sem fome, sem desejos, posso emagrecer deitado", rapidamente acendendo o impulso de uso de medicamentos sob a ansiedade pública por emagrecimento.
Particularmente, descrições como "a comida para entrega não é mais atraente", "não consigo beber chá de leite", "como apenas uma refeição por dia" levaram muitas pessoas a acreditar erroneamente que se trata de um "atalho seguro e mágico para emagrecer". As farmácias também aproveitaram a oportunidade para lançar "canetas de injeção de semaglutida", e até mesmo surgiram vendas sem receita e transações cinzas na internet com "entrega em casa".

Por que as pessoas desejam tanto "emagrecer com medicamentos"? Existem três razões principais:
Primeiro, o cansaço psicológico devido ao fracasso prolongado em emagrecer. A dificuldade em manter dietas e a lentidão dos resultados do exercício fazem com que muitas pessoas entrem em um ciclo vicioso de "ganho e perda de peso + auto-negação", levando-as a buscar ajuda externa.
Segundo, a falta de consciência sobre os "efeitos colaterais à saúde". As pessoas veem os efeitos significativos de emagrecimento, mas ignoram o impacto sistêmico do medicamento sobre o sistema gastrointestinal, endócrino, emocional, entre outros.
Terceiro, a distorção da informação nas redes sociais. Muitos vídeos de "emagrecimento bem-sucedido" não revelam o contexto real, como a presença de doenças subjacentes, se houve orientação profissional, ou se houve efeito rebote, levando o público a acreditar no mito do "emagrecimento fácil".
No entanto, a semaglutida é essencialmente um potente agonista que intervém no metabolismo e no controle do apetite, não é tão suave quanto café para emagrecer ou chá de ervas, e seus riscos não devem ser subestimados.
Efeitos adversos emergentes: que riscos estão ocultos além da perda de peso?
Embora os estudos de lançamento da semaglutida tenham confirmado sua eficácia no controle de peso, uma série de potenciais efeitos adversos também está recebendo crescente atenção da comunidade médica.
Primeiro, desconforto gastrointestinal é o efeito colateral mais comum.
Os usuários frequentemente apresentam sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e constipação. Esses tipos de reações são leves a moderadas, mas impactam significativamente a qualidade de vida. Algumas pessoas até enfrentam distúrbios eletrolíticos ou diminuição da força devido à incapacidade de se alimentar.
Segundo, aumento do risco de doenças da vesícula biliar.
Estudos mostram que há uma relação positiva entre medicamentos da classe dos agonistas GLP-1 e a incidência de cálculos biliares e colecistite. A rápida perda de peso também aumenta o risco de deposição de colesterol nas vias biliares.
Terceiro, hipoglicemia e interferência na insulina.
Embora não induza diretamente a hipoglicemia, pode agravar a resposta hipoglicêmica em pacientes que usam insulina ou medicamentos hipoglicemiantes sulfonilureias, especialmente em idosos que devem ter mais cuidado.
Quarto, potencial para lesões nas células C da tireoide.
Em experimentos com animais, a semaglutida mostrou uma certa relação com o risco de tumores nas células C da tireoide, embora não haja evidências conclusivas em humanos, algumas diretrizes já a consideram uma contraindicação.
Quinto, risco de dependência psicológica e distúrbios alimentares.
Algumas pessoas apresentam efeito rebote assim que interrompem o uso, desenvolvendo uma "dependência comportamental" do medicamento; outras até desenvolvem medo de comer, evoluindo para anorexia leve ou distúrbios alimentares emocionais.
A medicina não se opõe ao uso de semaglutida para tratar a obesidade, mas com a condição de haver avaliação profissional e monitoramento contínuo. Se apenas se vê "emagrecimento" e ignora o "custo", é fácil cair na armadilha de que o medicamento é inofensivo.
Nem todos podem usar: quais grupos devem ser cautelosos ou até evitá-lo?
Nem todos são adequados para usar semaglutida para emagrecer. De acordo com as bulas e consensos médicos, os seguintes grupos devem ter atenção especial:
Grávidas e mulheres em período de amamentação.
Não há estudos suficientes para avaliar seu impacto sobre fetos ou bebês, recomenda-se interromper o uso pelo menos dois meses antes da gravidez e proibir durante a amamentação.
Pacientes com histórico familiar de câncer medular da tireoide.
Como o medicamento pode afetar as células C, recomenda-se que aqueles com esse histórico evitem completamente o uso.
Pacientes com histórico de pancreatite.
A semaglutida pode induzir pancreatite ou agravar doenças pré-existentes, seu uso deve ser feito com cautela.
Pacientes com doenças gastrointestinais graves.
Como gastroparesia, úlcera gástrica em fase ativa, devido ao impacto do medicamento no esvaziamento gástrico, pode agravar a condição.
Pacientes com distúrbios mentais e alimentares.
O medicamento pode afetar o controle emocional e do apetite, aumentando o risco de distúrbios alimentares.
Além disso, mulheres jovens com IMC dentro da faixa normal que desejam apenas "afinar o rosto" ou "afinamento das pernas" também devem entender: este medicamento não é um produto de "emagrecimento e beleza", mas uma ferramenta médica para pessoas com anomalias metabólicas, e seu uso fora das indicações médicas pode levar a riscos a longo prazo.
Emagrecimento bem-sucedido, mas a saúde acende o sinal vermelho
A Srta. Wang, de 29 anos, de Xangai, trabalha em um escritório e mede 1,60 m, pesando 62 kg. Com a proximidade da sessão de fotos do casamento, ela teve a ideia de "emagrecer rapidamente". Comprou uma caneta de injeção de semaglutida através de uma plataforma social, sem avaliação médica, e se auto-injetou por 8 semanas, perdendo 7 quilos.
No início, ela disse: "Não tenho apetite, sinto-me leve", mas a partir da quinta semana começou a ter frequentes náuseas e dores no estômago, que evoluíram para inchaço abdominal persistente e icterícia, sendo levada às pressas ao hospital, onde foi diagnosticada com colecistite induzida por medicamentos e pancreatite leve. O médico apontou que seu estado físico não atendia aos critérios de uso do medicamento e que a dosagem foi aumentada muito rapidamente, levando o sistema gastrointestinal a não conseguir se adaptar.
Após a alta, a Srta. Wang confessou: "Emagreci, mas perdi qualidade de vida e paguei um preço muito alto." Ela começou a ajustar sua dieta, com a orientação de um nutricionista, para restaurar a função intestinal, e gradualmente se livrou dos efeitos colaterais.
Esse caso não é raro. Atualmente, muitas pessoas, impulsionadas pela ansiedade de emagrecimento, "medicalizam excessivamente" sua gestão corporal, esquecendo que os medicamentos nunca foram uma chave mágica sem custo.
A linha de base para o uso racional de medicamentos: a normalização da perda de peso deve retornar à abordagem médica
A Organização Mundial da Saúde enfatiza que a perda de peso é um projeto de intervenção comportamental a longo prazo, devendo incluir ajustes nutricionais, programas de exercícios, correção cognitiva comportamental e, quando necessário, assistência medicamentosa. A semaglutida, como medicamento, deve retornar ao cenário clínico e ser usada de forma rigorosamente regulamentada.
Primeiro, deve ser avaliado por um médico profissional se é adequado para uso.
Incluindo índice de massa corporal (IMC), estado da glicose, doenças subjacentes e contraindicações ao medicamento.
Segundo, deve haver ajuste gradual da dosagem e gerenciamento cíclico.
A dose inicial recomendada clinicamente é de 0,25 mg por semana, aumentando gradualmente até o máximo de 2,4 mg, ajustando conforme a tolerância.
Terceiro, deve ser combinado com intervenções dietéticas e de exercícios, caso contrário, os efeitos são difíceis de manter.
O medicamento pode apenas "ajudar a controlar o apetite", não pode substituir processos centrais como gasto de energia e manutenção muscular.
Quarto, a interrupção do uso deve ser planejada, evitando efeito rebote e distúrbios metabólicos.
A interrupção abrupta pode levar a um rápido efeito rebote no apetite, recomenda-se uma transição suave com intervenções comportamentais.
Quinto, o objetivo da perda de peso deve ser "peso saudável" e não "extrema magreza".
O objetivo da intervenção médica é melhorar os indicadores metabólicos e reduzir o risco de doenças crônicas, e não buscar uma aparência excessivamente magra.
Emagrecer nunca foi um caminho fácil, mas sim uma reconciliação com as relações entre corpo, dieta e psicologia. A semaglutida pode ser um "peão auxiliar" nesta batalha, mas definitivamente não é a "jogada mágica". Reconhecer a essência da saúde é o que permite ir mais longe.