Se você prestar atenção, verá que quase todos os anúncios de óleo de cozinha. Claro que o óleo vegetal também é associado à frase "não contém colesterol" e essa frase é impressa em letras grandes. Como se isso fosse uma vantagem superior, tornando o produto melhor para a saúde. Mas na verdade, essa é uma verdade que nem todos conhecem. O óleo vegetal é naturalmente extraído de sementes e frutas como soja, girassol, gergelim e azeitona, e, portanto, não contém colesterol.

De forma simples, anunciar que o óleo vegetal não contém colesterol é como vender uma garrafa de água e dizer que não contém álcool. Parece impressionante, mas é uma verdade óbvia. A única exceção é quando o óleo é feito de ingredientes de origem animal, como o óleo de manteiga. Porque ele é feito de leite ou gordura animal refinada, é que pode conter colesterol. Mas esse tipo é muito raro no mercado e não costuma estar no mesmo grupo que o óleo vegetal comum que você costuma comprar no supermercado. Isso significa que se você comprar qualquer garrafa de óleo vegetal, desde o mais caro até o mais barato, com ou sem essa informação, certamente não poderá conter colesterol.

Então, por que as empresas ainda colocam essa frase?

Essa é uma estratégia que atinge a psicologia clássica do marketing. Há muito tempo, os consumidores ouviram muito sobre os malefícios do colesterol. Mas o que é isso que é tão assustador? O colesterol é, na verdade, um tipo especial de gordura presente no sangue e nas membranas de todas as células do corpo. Mesmo a palavra gordura faz muitas pessoas pensarem imediatamente em algo prejudicial, mas a verdade é que é muito importante para a vida.

O corpo usará colesterol para construir membranas celulares. É como uma armadura externa para proteger as células, ao mesmo tempo em que produz hormônios importantes que ajudam a produzir vitamina D quando a pele está exposta ao sol e cria bile para digerir a gordura. Sem colesterol, os seres humanos podem não existir. Na verdade, nosso fígado pode produzir até 70% a 80% da quantidade necessária de colesterol, apenas uma pequena parte vem da alimentação.

Mas por que o colesterol é tão odiado?

O problema não está nele mesmo, mas na forma como ele se move no sangue. O colesterol não pode nadar sozinho no sangue, ele precisa ser transportado por partículas chamadas lipoproteínas. Geralmente chamadas de colesterol ruim. É como caminhões transportando colesterol do fígado para todo o corpo. Se houver muito disso, o excesso de colesterol se acumulará nas paredes dos vasos sanguíneos, criando placas de aterosclerose que estreitam os vasos, dificultando a circulação sanguínea e aumentando o risco de infarto e derrame. E as pessoas temem o colesterol porque está associado a doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no mundo.

Além disso, há décadas, a mídia, a publicidade e campanhas de saúde pública enfatizam continuamente que o colesterol é um assassino silencioso, fazendo com que sua imagem aos olhos do público seja sempre negativa. Portanto, ao ver a frase "não contém colesterol" em destaque na embalagem, o comprador se sentirá mais seguro, acreditando que este produto é seguro para o coração e estará disposto a escolhê-lo em vez de outro produto que não mencione isso.

Embora na realidade ambos sejam iguais. Isso é uma forma de publicidade excessiva, dizendo algo que já é verdade para criar uma impressão especial. Essa estratégia ajuda a marca a ganhar pontos em poucos segundos enquanto o cliente está diante da prateleira e, às vezes, faz com que o comprador acredite que está escolhendo um produto saudável, mesmo que não haja uma diferença real.

Em resumo, o óleo vegetal sem colesterol não está errado, mas não é um ponto positivo especial. É apenas uma maneira sutil de fazer os consumidores se sentirem seguros e abrirem a carteira mais rapidamente. Mais importante ainda, a partir disso, as pessoas começam a evitar a gordura animal, especificamente a gordura de porco, que é a principal no Vietnã. E a partir daí temos a batalha entre o óleo de cozinha e a gordura de porco. Se voltarmos no tempo antes dos anos 1980, você verá que as cozinhas no Vietnã não tinham a sombra de uma garrafa de óleo de cozinha industrial.

Do sul ao norte, de casas pobres a ricas, a gordura usada para cozinhar era quase sempre gordura de porco. As pessoas sacrificavam porcos, a carne era consumida imediatamente, e a gordura era derretida para obter gordura líquida. A gordura de porco era usada para acompanhar arroz ou como recheio de bolos, e era realmente deliciosa. Uma colher de gordura de porco poderia transformar um prato de vegetais em uma refeição saborosa e aromática. Ou arroz quente com gordura de porco também era satisfatório. A gordura de porco era uma fonte valiosa de energia porque, em tempos de escassez, comer muita gordura ajudava a combater a fome e a manter o corpo aquecido no frio.

No campo, as crianças só precisavam sentir o cheiro da gordura frita com cebola para saber que a mãe estava preparando um bom jantar. A gordura de porco não apenas alimentou uma geração, mas também está ligada a memórias calorosas da família vietnamita. Mas tudo começou a mudar quando pesquisas do Ocidente, entre as décadas de 1960 e 1980, começaram a concluir que as gorduras saturadas presentes na gordura animal aumentam o colesterol ruim, como mencionado, levando a doenças cardiovasculares. A mídia, a televisão e até o setor de saúde de muitos países enfatizavam continuamente que comer muita gordura animal não era bom. Campanhas de saúde pública explodiram, incentivando a eliminação da gordura e o uso de óleo vegetal como substituto.

No Vietnã, desde o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, o óleo de cozinha começou a aparecer mais nas prateleiras. As empresas de óleo de cozinha aproveitaram a oportunidade para lançar anúncios coloridos. Eram garrafas de óleo douradas e brilhantes. Eram imagens de famílias sorridentes ao redor de mesas cheias de pratos fritos e refogados, com a frase "sem colesterol" impressa em letras grandes. Essa mensagem atingiu a psicologia do medo do colesterol dos consumidores. E embora a verdade científica seja que todos os óleos vegetais já não contêm colesterol, as pessoas daquela época pouco sabiam, e o óleo de cozinha rapidamente dominou as cozinhas, relegando a gordura de porco de seu trono a vilã do coração.

Com a chegada da década de 2010, com o desenvolvimento das redes sociais, o Google também se desenvolveu. A história virou, o movimento de comer limpo e viver verde surgiu. Muitas pessoas começaram a duvidar do óleo de cozinha industrial. Elas diziam que o óleo refinado passa por muitos processos químicos, é descolorido, desodorizado e, quando aquecido a altas temperaturas, pode oxidar, gerando compostos tóxicos. Vídeos nas redes sociais mostravam a fritura de bolos com gordura de porco, e pedaços de bolos dourados e brilhantes apareciam com legendas como "nossos avós comeram gordura a vida toda e viveram saudáveis até os 80 ou 90 anos". Imediatamente, o lado da gordura de porco ressurgiu, considerando isso um renascimento dos ingredientes tradicionais.

O lado do óleo de cozinha, é claro, também não ficou para trás. Eles contra-atacaram com vídeos simulando vasos sanguíneos obstruídos ao consumir muitas gorduras saturadas, apresentando pesquisas que comprovam que o óleo vegetal é melhor para o coração. Debates acalorados ocorreram nos comentários. Por exemplo, se a gordura de porco é mais saborosa ou se o óleo é mais científico, ou o que quer que você coma, eventualmente, é assim mesmo, desde que seja divertido. Cada lado tinha seus próprios conselheiros, citando pesquisas, artigos e até médicos online. Os apoiadores da gordura de porco afirmavam que a gordura foi injustamente condenada por décadas.

Eles apresentaram dados mostrando que a gordura de porco contém cerca de 40% a 45% de gordura saturada, mas também possui uma quantidade significativa de gordura monoinsaturada, que é boa para o coração, semelhante ao que se encontra no azeite de oliva. Na verdade, a gordura de porco também contém uma pequena quantidade de ácidos graxos poli-insaturados e vitaminas D e E. Outro ponto forte é que seu ponto de fumaça é alto, variando de 100 a 200°C. Isso significa que a gordura de porco suporta bem o calor, pouco se degrada ao ser frita e, especialmente, é ótima para frituras em altas temperaturas. A gordura de porco tradicional, se obtida de porcos criados de forma natural, sem resíduos de antibióticos e sem passar por refino industrial, mantém seu sabor original.

Para esse lado, a gordura de porco não é apenas um ingrediente, mas a alma da culinária vietnamita. Já os apoiadores do óleo de cozinha afirmam que o óleo vegetal, rico em gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas, ajuda a reduzir o risco de aterosclerose. Óleos vegetais de alta qualidade, se usados corretamente, não são apenas seguros, mas também benéficos para a saúde. O problema é que os consumidores costumam escolher óleos baratos, fritar em temperaturas excessivas ou reutilizá-los muitas vezes, e é isso que causa problemas.

Do ponto de vista científico, nenhum dos lados vence completamente. A gordura de porco não é tão ruim quanto foi condenada e o óleo de cozinha também não é tão bom quanto anunciado. A saúde depende da origem dos ingredientes, do método de cozimento e da quantidade consumida. Se a gordura de porco for proveniente de porcos limpos e consumida com moderação, será um ingrediente saboroso e seguro. Se o óleo vegetal for do tipo prensado a frio, pouco refinado e usado em temperaturas adequadas, também será muito bom para o coração. Por outro lado, se a gordura de porco for de porcos criados industrialmente ou se o óleo refinado for de baixa qualidade ou reutilizado muitas vezes, ambos causarão danos semelhantes.

A batalha entre óleo de cozinha e gordura de porco nas redes sociais certamente ainda vai longe, pois não é apenas uma questão científica, mas também uma questão cultural e de memória. A gordura de porco evoca a infância, o Ano Novo passado, o cheiro da gordura frita com cebola. Já o óleo de cozinha representa a modernidade, a conveniência e o estilo de vida saudável da nova era. O verdadeiro vencedor é quem sabe equilibrar. Use óleo para saladas e pratos refogados leves, use gordura para frituras que exigem altas temperaturas e, o mais importante, não abuse de nenhum dos dois. Pois como nossos avós diziam, "remédio pode ser benéfico, mas se tomado em excesso, torna-se veneno". Tanto o óleo quanto a gordura são assim, usá-los na medida certa é o verdadeiro rei da cozinha.

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