Esta é a vida de um americano comum vivendo em uma cidade como Nova York ou Los Angeles. De manhã, ele acorda, vai para a cozinha pegar um copo de água, claro, cheio de gelo, a sensação refrescante o ajuda a ficar alerta imediatamente. Depois, ele passa no Starbucks a caminho do trabalho e pede um copo de água com um monte de gelo. Ao meio-dia, é mais um copo de água cheio de gelo. Às vezes, o gelo ocupa mais da metade do copo. À noite, vai a um bar com amigos e pede um coquetel que também tem gelo. Mesmo ao beber cerveja, é muito provável que a cerveja seja mantida gelada a ponto de quase congelar. Porque os americanos gostam de tudo bem gelado. Essa cena é familiar nos EUA, não é?

De acordo com uma pesquisa, mais de 70% dos americanos querem que suas bebidas estejam abaixo de 5°C e o gelo é o principal fator para isso. Mas por que o gelo é tão importante? E como é a indústria do gelo nos EUA? Para entender isso, vamos voltar no tempo, mais de 200 anos atrás, para conhecer um homem que mudou tudo. Federic Tudor, o rei do gelo. A história começa no século 19, quando o gelo não era algo que todos podiam ter, como no Vietnã há algumas décadas. Naquela época, para ter gelo, era preciso esperar o inverno para cortá-lo de lagos e armazená-lo.

Mas havia um cara em Boston chamado Federic Tudor que teve uma ideia maluca. Ele queria vender gelo para o mundo todo. Parece um pouco estranho, porque quem compraria gelo? Mas Tudor não apenas conseguiu, como também transformou o gelo em uma indústria de milhões, até bilhões de dólares. Em 1802, aos vinte e poucos anos, Tudor começou a cortar gelo de lagos e esperava ganhar dinheiro. A primeira viagem foi um fracasso total, o gelo derreteu todo no caminho e as pessoas não sabiam o que fazer com o gelo. Mas Tudor não desistiu. Ele melhorou a conservação envolvendo o gelo em serragem e feno para mantê-lo frio por mais tempo.

Em 1816, ou seja, dez anos depois, ele começou a ganhar dinheiro vendendo gelo para Cuba e depois se expandiu para a Índia, o sul dos EUA e até a Europa. O que torna Tudor especial é a forma como ele fez marketing. Ele dava gelo de graça para bares e restaurantes e dizia para eles experimentarem colocar gelo nas bebidas dos clientes e ver o que acontecia. Os clientes certamente iriam adorar e venderiam mais bebidas. E realmente era assim, os clientes gostavam da sensação refrescante do gelo. Os bares começaram a comprar gelo em grandes quantidades para atender à demanda. Mais de 20 anos após a ideia inicial, a empresa de Tudor já exportava mais de 12.000 toneladas de gelo por ano, gerando milhões de dólares, um número colossal.

Naquela época, Tudor era chamado de rei do gelo e ele realmente plantou a semente do hábito de beber água com gelo nos EUA. No início, a tecnologia não era como a de hoje, então a indústria do gelo nos EUA começou com a extração de gelo natural de lagos e rios congelados. No inverno, milhares de trabalhadores cortavam gelo com serras manuais ou usavam cavalos. Eles cortavam o gelo em grandes blocos e o puxavam para os armazéns. Os armazéns de gelo eram uma parte importante, eram enormes edifícios com mais de 20 metros de altura construídos com isolamento de serragem e palha. O gelo cortado era transportado por navios, trens e até mesmo por cavalos para as cidades quentes do sul.

O auge da extração de gelo natural foi na década de 1880, quando o gelo se tornou um símbolo de riqueza. Todas as famílias de classe média tinham um congelador e essa indústria era a segunda maior exportadora nos EUA, apenas atrás da indústria do algodão. Mas essa indústria também era muito perigosa. Os trabalhadores frequentemente se feriam devido ao peso do gelo, à água fria ou a acidentes ao cortar o gelo. Além disso, invernos mais quentes do que o normal podiam causar escassez de gelo e interromper o fornecimento.

No início do século 20, o gelo começou a ser produzido em massa e começou a superar o gelo natural em algumas áreas em termos de produção. Nessa época, as pessoas começaram a se preocupar em como produzir gelo a partir de água comum. Até 2025, a indústria do gelo nos EUA se tornou uma indústria colossal focada na produção de gelo embalado e máquinas de fazer gelo. No total, a indústria do gelo nos EUA gera 2,5 bilhões de dólares por ano, o que equivale a cerca da metade do que o Vietnã ganha anualmente com a exportação de arroz. E esse número nos EUA continua a crescer devido à demanda por bebidas frias, alimentos e eventos. Agora, vamos falar sobre o presente.

Nos EUA, o gelo não é apenas algo para refrescar, mas é uma parte da cultura. Quando você entra em um restaurante, seja um lugar simples ou um restaurante sofisticado, seu copo de água está sempre cheio de gelo. Mesmo no inverno rigoroso, muitas pessoas ainda pedem água com gelo. Os americanos gastam mais de 100 bilhões de dólares por ano em bebidas frias, desde refrigerantes com gelo até café gelado. O café gelado é uma das grandes estrelas, com uma receita de 17,7 bilhões de dólares de lugares como Starbucks e outras cadeias. Mas você sabia? Um copo grande de café no Starbucks, às vezes, tem apenas 40% de café, o restante é gelo. Isso já causou controvérsia, mas os clientes ainda compram porque adoram a sensação refrescante.

O gelo também é o padrão de serviço nos EUA.

Se um restaurante esquecer de colocar gelo, os clientes podem reclamar imediatamente. Mesmo nas cadeias de fast food, os funcionários são treinados para garantir que o copo de água dos clientes esteja sempre cheio de gelo, a menos que o cliente tenha um pedido especial. E você percebeu? Os americanos estão dispostos a pagar mais para ter mais gelo, porque para eles, o gelo faz a bebida parecer mais gostosa, mais refrescante, mais agradável e mais satisfatória. Agora, vamos comparar com a Europa. Se você já esteve em grandes cidades da Europa, com certeza notou uma grande diferença. O gelo não é tão comum quanto nos EUA. Nos EUA, o gelo é padrão. Na Europa, às vezes você precisa pedir e às vezes é olhado de forma estranha.

Por que isso acontece?

Primeiro, é por causa da cultura. Os europeus gostam de manter o sabor original das bebidas. Os europeus veem as bebidas como uma forma de arte e o gelo às vezes é visto como algo que impede a bebida de manter seu sabor original, tornando-a menos gostosa. Em segundo lugar, em muitos países europeus, especialmente em cidades pequenas, as máquinas de fazer gelo ou refrigeradores industriais não são tão comuns quanto nos EUA. Como eles não têm esse hábito, não gostam de investir, não porque não tenham dinheiro. Em terceiro lugar, é uma questão de saúde. Na Europa e em alguns países da Ásia, as pessoas acreditam que água morna é melhor para o corpo.

Por exemplo, na China ou em Singapura, onde também há uma grande concentração de chineses e pessoas de origem chinesa. Os restaurantes costumam servir água morna, porque acreditam que isso ajuda na digestão e não causa choque térmico. Embora a Europa e a Ásia sejam claramente diferentes dos EUA, a cultura do gelo está se espalhando globalmente, especialmente graças às cadeias de fast food e às cafeterias de marca americana. Cadeias como Starbucks, McDonald's ou KFC estão levando gelo para todos os lugares. Em grandes cidades, você começa a ver restaurantes servindo água com gelo para agradar os turistas, especialmente os americanos.

E quanto ao Vietnã?

No Vietnã, o gelo não é apenas um bloco de água congelada na geladeira, mas também é uma parte da vida, da cultura, e até mesmo uma parte indispensável de toda uma culinária. Nós costumamos brincar que é a culinária de rua. Porque em um país quente como o Vietnã, beber algo sem gelo parece sempre faltar algo. Mesmo no inverno no norte, as pessoas ainda estão acostumadas a beber gelo e comer sorvete. Dizer que o chá gelado é a bebida nacional não está errado, basta 3000 agora, que é um pouco mais caro, e você já tem um copo de chá gelado refrescante para saborear. E em cafeterias, é evidente que você deve pedir café com leite gelado, pois é raro alguém beber café com leite quente no calor de 35 graus.

E quanto aos bares, nem se fala. Cerveja tem que ter gelo. Isso se tornou uma regra não escrita. Até mesmo muitos homens preferem colocar muito gelo para que a cerveja fique mais diluída e gelada, permitindo que bebam mais e por mais tempo. Esse hábito vem do clima do Vietnã. O Vietnã é quente e úmido, com sol forte, e o suor escorre incessantemente. Cada copo de água com gelo é como um salvador que ajuda o corpo a esfriar. No Japão, as pessoas podem se orgulhar de beber chá quente durante as quatro estações.

Na Europa, a melhor cerveja é a que não tem gelo. Mas no Vietnã, se não houver gelo, é como perder metade da diversão. Essa história se tornou uma identidade cultural. A sensação refrescante do gelo se mistura com o barulho do tráfego na rua e as risadas dos amigos, criando uma imagem muito vietnamita. Lembro-me de que quando era pequeno no campo, o gelo era muito raro, pois nem todas as casas tinham geladeira. Naquela época, comprar um saco de gelo feito em casa e depois usá-lo para comer com sobremesas ou misturar com água de limão era muito gostoso.

Hoje em dia, os vietnamitas consomem dezenas de milhares de toneladas de gelo todos os dias, desde cafeterias, bares, karaokês até barracas de comida de rua. Em todo lugar precisa de gelo. Existem dois tipos principais: gelo em bloco e gelo em cubos. O gelo em bloco é muito longo e pesado, transportado em caminhões e depois quebrado nos estabelecimentos. O gelo em cubos é mais compacto, embalado e também mais barato. Pode parecer apenas um material secundário, mas na verdade é uma fonte de receita muito grande. A questão do gelo, como gelo limpo e gelo sujo, já causou alvoroço na sociedade. Muitas fábricas de gelo antes usavam apenas água de poço sem filtrar, o que facilitava a contaminação. As pessoas bebiam despreocupadas, enquanto seus órgãos internos sofriam as consequências.

Hoje em dia, grandes cadeias de restaurantes investem em máquinas de fazer gelo próprias para controlar a qualidade. Se olharmos de forma geral, a indústria do gelo no Vietnã é como um gigante silencioso. Poucas pessoas falam sobre isso, mas todos os dias ela está presente, porque imagine um dia de verão escaldante em que você entra em um bar e a cerveja não tem gelo, o café não tem gelo, o chá não tem gelo, então quem chamaria isso de chá gelado? Com certeza seria uma sensação tão chata quanto um inseto morto.

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